Nova versão revista e melhorada
As horas
Quando estou na Chança tenho a sensação de que o tempo parou.
É o silêncio, é o espaço, é o vazio.
É o céu estrelado, são as manhãs, é o entardecer.
E é também o relógio da torre a lembrar-nos das horas, e das meias horas e dos quartos...
Horas by Ratowsky
8 Comentários:
Abençoada amnésia...
E se todos sofressemos de amnésia sectiva no que respeita ao tempo? Sim, só tem a noção de passado quem tem memória.Se não fosse a memória, não haveria passado logo,também não haveria futuro. Só presente.
Já imaginaram? A idade não existia, ninguém tinha medo de ficar velho,era só o dia a dia.A morte de alguém era imediatamente esquecida e nem esse sofrimento tínhamos que viver.
Acabava-se assim a tortura inexorável do passar das horas e do seu anúncio pelo toque dos sinos como se fosse uma festa.
Vamos lá repor o "le" que faltou ao seLEctiva. Assim é que é.
O pior é o resto. :)
É. O pior é que, nas noites de insónia,vamos ouvindo o badalar dos quartos e das horas que tornam a noite ainda mais longa, ou que nos voltam a despertar quando estamos quase a adormecer.Nas grandes cidades, mesmo que toquem ninguém os ouve.Ouvir o toque das horas é o preço que custa o abençoado silêncio.
Uma que escapou às formigas e que vive longe. Mas, assim que puder, vou à Chança.
Foi com uma lágrima de saudade que, mais abaixo, salvo erro a 16 deMarço, vi o relógio da estação.Como já disse no tema "recordação da Chança", foi o relógio onde aprendi a ver as horas.
Cada vez que por lá passo,vem-me à memória a estação; o namoro da Rosa e do Tonho pastor que a mãe dela não queria; a morte da Maria Vilas (salvo erro, que eu era muito pequena), ao descer as escadas do escritório; os vagons do combóio das 10 em que eu aprendi os números; os boletins da C.P. onde eu aprendi a ler com 5 anos, as hortas ao longo da linha onde se criavam hortaliças frangos, pombos e outros afins.Até me lembro do Mário, filho do Chico Mourinho,agarrar no telefone e fingir que telefonava de estação para estação.
Tanta saudade...Já lá não tenho ninguém, mas assim que puder, vou à Chança.
Não sei se é o mesmo sino que dá as horas, mas, se a tradição se mantiver,o sino da igreja da minha terra vai tocar quando eu morrer.
Esse sino...nunca o vou esquecer! quando o meu pai faleceu ficou entranhado em mim...ainda hoje quando estou na chança e ouço o sino dobrar, sinto um aperto no peito e a memória assalta-me com um dos dias mais tristes e vazios da minha vida! Tenho a certeza que muitos que já passaram pela mesma experiência, sente o mesmo que eu...
Esse sino não tocou no meu baptizado. Como a minha madrinha não era baptizada, o padre negou-me o baptismo. E ainda hoje me mantenho assim...
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