CHANÇABLOG 2.0

Nova versão revista e melhorada

sexta-feira, julho 04, 2008

Noites de Verão 2


As brincadeiras naquela altura eram simples e não necessitavam de muitos adereços.
A tecnologia era a nossa imaginação.
O simples jogo das escondidas mantinham uma "matilha" de cachopos entretidos todo o serão.
Os gritos de 1, 2, 3, "João", "o último salva todos" ou "arrebenta o jogo" ecoavam pelas ruas.
A apanhada, jogar à bola, o toca e foge, o mata, eram só alguns dos jogos que dispúnhamos para variar.
Mas a brincadeira por excelência dos rapazes da altura era "jogar aos Cowboys".
Aqui entrava um adereço imprescindível - a pistola.
Havia sempre alguns que tinham mais do que uma e dava sempre para todos.
Quando não havia, improvisava-se com um pau.
Por vezes aparecia algum com alguma arma mais evoluida.
O "Chico" tinha um pistola com "martelicas" que comprou na feira de S. João.
O "Jaquim" tinha uma estrela de Xerife, um "coldre" e até tinha umas esporas.
O "Manel" trouxe de Lisboa um máscara do Zorro, "mas com uma espada não se safa", "então tem aqui uma pistola e pode ser o mascarilha", "então eu sou o Tonto", "e eu sou o Bonanza", "e eu o Billy, The Kid".
Os tiros ecoavam na noite, que variavam entre os sons emitido por entre os dentes cerrados (acompanhado por uma chuva de salpicos cuspidos à velocidade de um tiro) e uma "nnneommm" que soava mais metálico e que forcava semelhanças com o ricochete das balas.
Depois, "tás morto", "não estou", "não me acertas-te", "acertei sim senhor", "assim não jogo", "este gajo é sempre a mesma coisa", "dá cá as pistolas que são minhas", "pronto, tá bem, mas p'rá próxima morres mesmo".
E continuava-mos serão fora, "mãos ao ar e armas para o chão", que era a ordem (pelo código de honra de quem jogavas aos Cowboys) pela qual nos tínhamos de render.

(Os nomes acima mencionados são imaginários)

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