CHANÇABLOG 2.0

Nova versão revista e melhorada

segunda-feira, março 27, 2006

Mistérios da Chancelaria - O Morto-Vivo

Em primeiro lugar, queria agradecer a todos os comentários que enviaram.
Se por um lado, o "net-counter" indica um crescente interesse por este blog, por outro eu não sabia que tinha tantos visitantes assíduos.
Registei as vossas opiniões, compreendo o vosso ponto de vista, mas "os cromos" vão continuar na gaveta.

Para quem acompanha este blog há algum tempo, já verificou que a linha orientadora sempre foi a criação de um espaço dedicado à Chança, numa perspectiva de mostrar a nossa terra.
Contar histórias, mostrar lugares.
No fundo dar a conhecer aos outros o que esta terra têm de bom (e menos bom), e por outro lado, permitir aos Chancenses um espaço para cultivar a nossa história, as nossas raízes, a nossa cultura.
Não era, de todo, um espaço de forum, de debate, de crítica, de actualidade, etc.
Talvez, esse espaço também seja necessario.
Faço um apelo para que esse espaço possa ser criado.
Talvez um dia eu tenha disponibilidade e a informação necessaria e correcta, para que possa realizar este projecto.
Assim, para que eu possa continuar este blog dentro da mesma linha, não posso, não quero entrar em respostas e considerações, quebrando o trabalho que tenho tentado fazer, e com reacções favoráveis.
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Outro assunto. Outra vez um apelo.
Caros,
PMD, Cravadinho, Extramodum, Cmf, PCarlos, Jcesar, Malta de 77 e vários anónimos,
enviem as vossas histórias, as vossas fotos, para assim enriquecerem este espaço que é de todos os Chancenses.
Os vossos comentários dão-me força para continuar.
Eu vou continuar a postar e espero que voçês continuem a comentar.
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Para finalizar para quem ficou com dúvidas, como eu no princípio desta confusão, o Gregório está VIVO, muito mais velho do que nesta foto, mas bem vivo.
Eu vi-o no Sábado.


Escapa
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sábado, março 18, 2006

Guardadores de Seara

Guardadores de Seara

Se a lua se põe
e a aragem na noite
adormece e pára,
fica lá o canto
pausado dos grilos
guardando a seara.

Sebastião Penedo

Lua by Ratowsky
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Cal e Ocre

Alentejo

Onde a cal tem um rosto.

Albano Martins

Alentejo
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Paul Garnier - Paris

Dos tempos aúreos das Estação, restou-nos uma relíquia.
Este belo relógio, resgatado in-extremis à destruição ou à ferrugem.
Hoje, exibe orgulhosamente a sua beleza na fachada da Junta de Freguesia.
Um agradecimento especial a quem teve esta iniciativa.


Relógio
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quinta-feira, março 16, 2006

Comboios

O estilo de vida na Vila de Chança sempre foi predominantemente rural.
O trabalho no campo, de sol a sol, era o destino mais que certo para quem nascia na nossa terra.
Mas o século passado trouxe uma alternativa.
O comboio.
O caminho de ferro era um veículo para o desenvolvimento e a hipótese para um futuro melhor.
Muitos Chançenses foram trabalhar para os caminhos de ferro. Alguns ainda hoje lá trabalham.
Os comboios trouxeram efectivamente o desenvolvimento, e a Estação da Chança tornou-se como que um polo industrial da nossa freguesia.

Estação de Chança
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quinta-feira, março 09, 2006

Feira de Março

Na Chança realizam-se anualmente duas feiras.
A feira de Março no dia 25, e a feira de Santa Luzia a 13 de Dezembro.
Antigamente eram datas importantes, quer comercial, quer socialmente.
Eram um verdadeiro acontecimento.
Mas a sua importância foi decrescendo com o passar dos tempos.
Actualmente, as feiras da Chança resumem-se a meia duzia de barracas que envergonham o passado grandioso destas festas.
Entretanto, para inverter essa tendência, a junta de freguesia decretou que as feiras se realizassem no Domingo imediatamente a seguir à data oficial. Mas nada mudou.
Para que se recordem como era há muito tempo, ou para os mais novos saberem como eram as feiras na Chança, deixo aqui uma foto do século passado.

Feira de Março
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sexta-feira, março 03, 2006

O Entrudo, os Ensaidos e outros Carnavais - ParteIII

As noite de entrudo eram agitadas.
Todo o tipo de partidas eram levadas a cabo.
Os alvos preferenciais eram sempre os mesmos. Os que davam luta. Os tolos que davam sentido às partidas.
O bater às portas e fugir (a mais inocente), a caixa de cartão cheia de pedras, os assaltos aos pomares e aos galinheiros, a caça aos gambozinos, e todo o tipo de travessuras que possamos imaginar. E podem ter a certeza que a nossa imaginação era bastante fértil.
Mas o ex-líbris do nossa Carnaval era "por a pedra". A partida das partidas. Aquela que mais calafrios nos fez passar.
A brincadeira consiste em por uma pedra dentro de um saco que é atado a uma porta, saco este que é puxado por um fio comprido a partir do local de onde nos escondia-mos. A que era giro era as reações. Havia os que gritavam, corriam atrás de nós, apareciam com espingardas e pistolas em punho. Depois era a correria desenfreada, até estarmos todos a salvo. Na noite seguinte havia mais.
Esta é talvez das últimas tradições sobrevivente do Entrudo da nossa terra.
Mas talvez por pouco tempo.

Ontem foi quarta-feira de cinzas. Quer dizer que para o ano há mais.
Em Ovar, Torres Vedras, Loulé, Sines vai voltar a folia. Mas na Vila de Chança será que se que ainda haverá Carnaval?

quinta-feira, março 02, 2006

O Entrudo, os Ensaidos e outros Carnavais - continuação

A semana dos compadres começava no Domingo Magro e acabava no Domingo Gordo.
As hostilidades para com as raparigas eram agora brutais.
Ataques com farinha, água, ovos, tudo era permitido.
Era feito uma boneca, à semelhança do que já havia sido feito pelas comadres.
Era exibida como troféu de guerra, e tudo valia para a manter longe das vingativas comadres.
Valia tudo...excepto chover.
A vingança das comadres. A humilhação final. Os Compadres mijados.

Paralelamente a tudo isto havia os ensaiados. Mascarados irreconhecíveis, trajados com roupas velhas de cara tapada que levavam o pânico aos que simplemente queriam ver, tentando reconhecer a fiha de fulano, o beltrano e a mulher do sicrano, que não devia andar nestas andanças. Atacavam as raparigas solteiras, as casadas, os velhos e as velhas, assustavam as crianças, e entravam nas casas a pedir comida e bebida. A sua pesença era temida, odiada por uns e motivo de risada e brincadeira de outros.
Aqueles que não gostavam destas brincadeiras..., bem esses iam ter uma noite agitada.

(continua)

Ensaiado
foto in www.assops.pt




















O Entrudo, os Ensaidos e outros Carnavais

A Chança nunca foi terra de grandes Carnavais.
Não temos os Caretos, nem desfiles, nem carros alegóricos, nem artistas brasileiros.
Mas o Entrudo na nossa terra era muito mais do que é hoje em dia.
Lembro-me de o meu avô me dizer que o Entrudo começava a 20 de Janeiro.
A partir dessa data começavam a aparecer os primeiros artigos nas mercearias da terra. Era uma corrida às lojas do Sr. Manel Raimundo, da D. Denocilia, e de todos os postos de venda de "material de guerra". As caraças, as pistolas de água, os estalinhos, as bombinhas, as bombas de mau cheiro, e todo o tipo de arsenal necessário para os rapazes atacarem as raparigas.
As hostilidades aumentavam na semana das comadres.
A penúltima semana antes do Carnaval, até ao Domingo Magro, era a semana do poder feminino, o girl power da época. Valia tudo para achincalhar os compadres, os eternos adversários, cruéis castigadores, e futuros amores.
Em tempos, as raparigas solteiras faziam um boneco que ridicularizava o sexo oposto, e exibiam-no pelas ruas da vila. É claro que os compadres tentavam por tudo resgatar o dito boneco e com isso conseguir evitar a humilhação.
Valia (quase) tudo. Menos que chovesse.
Eram as comadres mijonas. O auge do ridiculo.
A semana dos compadres começaria com uma vitória antecipada.

(continua)