CHANÇABLOG 2.0

Nova versão revista e melhorada

sexta-feira, março 28, 2008

O Chico Ferreiro, um artista da nossa terra

E finalmente, o vídeo que todos esperávamos.
Peço desculpa pela fraca qualidade de imagem e som, mas foi o que se pode arranjar.



Os meus agradecimentos ao pchardeco que me forneceu este vídeo.

quinta-feira, março 20, 2008

Necessidade de Pensar

Encontrei este texto por acaso, perdido na Internet, num blog chamado "Vamos lixar tudo (Se ainda resta alguma coisa)".
Não consigo encontrar nenhuma relação directa do autor(ou autores) deste blog com a nossa terra. Penso que será uma coincidência de alguém que passa ou passou por lá.
Mas achei interessante esta pequena história, porque quando sinto necessidade de pensar lembro-me imediatamente da Chança.
O silêncio é propício a isso, assim como o calor, ou o aconchego do canto do lume, ou ainda os seus sabores.
Deixo então uma cópia deste episódio que se terá passado na Estação.

"Chegou à estação da Chança, no Alto Alentejo, com a antecedência do costume. Faltava ainda meia hora para a chegada do comboio. Era o único passageiro e por isso poderia depreender-se que não teria ninguém a quem perguntar e ninguém que lhe perguntasse o que quer que fosse. Mas na Chança, como em todas as pequenas aldeias do Alentejo, as pessoas vão para a estação, não para apanharem o comboio, mas para o verem passar e ficarem a saber de quem chega e de quem parte.
Sentados no banco, por debaixo do relógio da estação, que marcava 4 horas e 15 minutos, estavam sentados três homens, velhos, nos seus 70 e tal anos de vida e muita amargura no coração.
- Ó homem, sente-se aqui - disse o do meio.
- Obrigado, mas o comboio está já a chegar, e... -, replicou António, sem a mínima intenção de entrar em conversação com quem quer que fosse, sobre o que quer que fosse.
- Mas, vai ficar meia hora de pé, a olhar para os carris, amigo? - insistiu o da ponta direita.
- Desculpe, preciso de estar sozinho. O que vou fazer é um desafio enorme. Ainda o estou a tentar medir. A medir-lhe os prós e os contras. E, por isso, preciso de o fazer sozinho. Não me leve a mal, não se trata de má educação. Desculpem-me. Mas agradeço a atenção.
- Esteja à vontade então. Ó homem pense no que quiser sozinho, se é disso que precisa.
António esperou os trinta minutos de pé, a olhar em frente, até ter avistado a carruagem ao longe. Pegou na pequena mala, a sua única bagagem, e pôs-se muito direito, como se estivesse a assistir a um acto solene, à espera que o comboio parasse. Naqueles 30 minutos, António - aquele que não se quis sentar, que não quis conversar, porque tinha de pensar -, não pensou em nada."

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terça-feira, março 18, 2008

O Ferreiro, o Mensageiro de Alter e o Stuntman_dave

Dificuldades técnicas impedem-me de postar o vídeo sobre o Sr. Francisco Gomes.
Perante estas dificuldades, e durante mais uma pesquisa pela net, encontrei mais um blog de um pchardeco que publicou a transcrição da reportagem na integra.
Esta transcrição foi publicada no Mensageiro de Alter, esse "famoso" jornal que costumava reservar uma grande coluna para a freguesia de Chancelaria (não sei se continua assim ou se piorou).
Assim vou deixar-vos uma cópia da transcrição da reportagem para que fique no arquivo deste espaço, assim como o link do blog de mais um pchardeco.

"É em Chança que se encontra talvez o último ferreiro de todo o Alto Alentejo.
Mestre à antiga, das suas mãos o que sai é arte.
«Sou um ferreiro artesão» e, quem o diz é Francisco Caldeira da Costa Gomes, 63 anos, que tem oficina que vem do pai no centro da localidade, no nº. 81 do Largo Barreto Caldeira e, é ali que todos os dias cumpre a sua missão de dar vida nova ao ferro, lamentando que «hoje não há quem queira aprender esta arte». «Estes machados são para Castelo Branco», diz-nos enquanto continua as peças que confecciona à antiga. São machados de tirar cortiça e há-os parecidos nas lojas, «mas depois partem-se», enquanto estes duram uma vida de trabalho.
«Comecei a trabalhar com 12 anos, e nisto ou se começa cedo ou não se aprende». É ávida quem o ensina, pois não é com 16 ou 18 anos que se começa a aprender uma arte que leva tantos anos a dominar, repleta de segredos de tempos longínquos, que os segredos da têmpera só ensinam a um filho ou a um aprendiz que dê garantia de continuidade.
Aliás, o segredo mesmo está na têmpera e na rapidez com que é preciso trabalhar o ferro quando atinge uma determinada cor.
É verdade que hoje o trabalho escasseia, mas «dá para viver com economia».
«Ainda trabalhei 10 anos no Pereiro (uma herdade)» e também «dois anos na Metalurgia (do Crato), «trabalhei como serralheiro» mas «regressei» para a oficina, porque «esta é a arte do meu coração».
Mestre Francisco Costa Gomes nasceu para esta arte que aprendeu com o pai. E aponta os martelos de vários pesos e dimensões, próprios para cada idade, para mostrar que sendo este um trabalho que se pode considerar pesado, as tarefas são adequadas às condições de cada aprendiz. O que é pena é que não haja quem pudesse vir a ser um bom ferreiro porque as leis não deixam que um jovem possa aprender em tempo oportuno esta como outras artes, confundindo-se isso com exploração infantil.
Hoje um dos problemas do mestre ferreiro «é que já vão escasseando os matérias», é difícil arranjar por exemplo carvão de pedra, que vinha das minas, que era calibrado e que agora não há, e «até os aços já não têm as mesmas medidas».
«O aço vinha da Suécia e agora remedeio-me com alguns restos que por aí há».
Para se trabalhar, o aço tem de ser batido e temperado, e a têmpera – diferente para cada tipo de utilização – é dada com um produto feito à base de sebo de borrego com azeite que faz arrefecer o ferro quando este apresenta uma dada coloração – castanho palha, rosa, azul em vários tons, amarelo… - em função da temperatura que atinge. «E cada aço quer a sua têmpera», diz quem sabe.
São acções de segundos, que exigem muito conhecimento, treino e rapidez, e que «dantes até eram feitas só à porta fechada, para ninguém ver».
Na oficina de Mestre Francisco o chão continua a ser de terra e o cepo em que assenta a bigorna tem mais de 70 anos. Ali se faz tudo o que é possível fazer em ferro, de martelos de calceteiro a ferraduras – que as feitas à máquina não duram nem metade.
«Sou do tempo que não havia soldadura e as peças faziam-se todas inteiriças». «Caldeava-se o ferro», num processo que se «vê pela cor do lume» e depois de pronto «limpava-se com areia».
Cada ferreiro tem a sua marca e Mestre Francisco utiliza «duas estrelas e um i, que já era a marca do meu pai». «Há alturas em que não há serviço» e «vou aproveitando o tempo para fazer uma peça de cada» que se lembra, desde coleiras para proteger os cães dos lobos até machas de todos os feitios, passando por tantas outras peças, que «o meu desejo era fazer um museu».
Por isso está também a recuperar o velho fole, depois, «quando eu morrer, quem ficar que faça disto o que quiser».
A arte já o marcou na carne. «Não vejo de uma vista, porque me saltou um bocado de aço», mas esta é a arte exigente que ama.
«Sou um ferreiro e dizem que sou industrial, pelo menos assim consta nas contribuições.
Mestre Francisco faz tudo o que em ferro é possível fazer, mas o filho não lhe seguiu a arte, como ele seguiu a do pai.
O tempo é outro e está a perder-se, a uma velocidade vertiginosa, valores e até técnicas, como esta de ferreiro, com milhares de anos de conhecimento.
Nem que seja só para apreciar o que Francisco Costa Gomes tem em exposição na sua oficina, e que tanto ensina sobre a ruralidade dos últimos séculos, vale a pena visitar a Chança."


Os meus agradecimentos ao stuntman_dave e ao seu Pensamentos de Subterrâneo

domingo, março 16, 2008

Francisco Costa Gomes - O Ferreiro

Passou na "SIC" há umas semanas uma grande reportagem sobre um dos últimos ferreiros do Alentejo.
Foi com grande surpresa que colegas de trabalho me vieram dizer que viram uma reportagem sobre a Chança, na televisão.
Com alguma ansiedade, procurei de imediato informações sobre o ocorrido.
- É verdade, passou ontem no jornal da SIC uma reportagem sobre o Chico Ferreiro - disseram-me.
Já tenho em minha posse um vídeo, mas de fraca qualidade, que tenho tido alguma dificuldade em postá-lo neste espaço.
Deixo, assim uma foto e prometo mais novidades para breve.

domingo, março 09, 2008

A cachopa da Madeira que gosta da Chança



Segundo consta, esta moça é do Funchal, gosta de fotografia, é bonita e tem bom gosto.
Não conheço a moça, mas pelo que eu consegui apurar terá feito uma viagem pelas nossas bandas e não resistiu ao encanto da nossa terra.
Para ver a galeria da cachopa clique aqui.

E mais outra...

Mais fotos da Joana

sexta-feira, março 07, 2008

Mais fotos da Joana em Olhares.com



Quem é esta?

Nos últimos dias, durante uma das minhas pesquisas pela net sobre a palavra Chança, encontrei mais um dos mistérios do tipo "Quem é esta?"
Depois da misteriosa Rosa Maria, que continua a gerar acesos debates entre os nossos conterrâneos, encontrei uma personagem misteriosa que andou a fotografar a nossa terra.
Mais. Publicou algumas dessas fotografias num dos melhores sites de fotografia que existe por cá:
Olhares.com
É uma mulher e dá pelo nome de Joana Homem da Costa.
Continua...

by Joana Homem da Costa






quinta-feira, março 06, 2008

Olá Chança!

Olá Chança!
Estamos de volta.
Espero que esta grande ausência não vos tenha levado a desistir.
Por aqui estivemos quase a fechar as portas.
Não é fácil manter actualizado um espaço sobre a Chança.
Diz-se que um blog têm um tempo de vida de três anos. Já foi atingido.
Vamos tentar mantê-lo por mais tempo.
Um dia alguém escreveu por estas bandas: "Estamos a contribuir para a nossa memória colectiva"
Desde o início que pedi para partilharem as vossas memórias para esta ser a memória de todos e não só de alguns.
Poucos têm correspondido.
Mas mesmo assim vamos continuar.
E já agora, com uma nova aparência.